Seja bem-vindo. Hoje é

INCULTURAÇÃO




CEBS E INCULTURAÇÃO



 Na América Latina, o contato da cultura cristã com as culturas indígenas e negras não foi algo tão edificante! Estas culturas foram literalmente ignoradas e até impingidas a uma submissão frente à cultura cristã (colonizadora), que resultou num tipo de “esvaziamento opressivo” de muitas nações indígenas com seus costumes e tradições.

José Oscar Beozzo, falando sobre a língua como um veículo importante para a inculturação, lamenta que na ‘primeira evangelização’, os missionários se interessaram em aprender a língua dos nativos não para propiciar um melhor conhecimento e valorização dessas culturas autóctones, mas ao contrário, utilizaram-na para destruir e erradicar o universo das crenças e da sabedoria indígena.



Na década de 60, as comunidades viveram a sua fase de gestação, conquistando a simpatia de muitos bispos como novo modelo pastoral. Adotou-se a metodologia do ver, julgar e agir, utilizada antes pela Ação Católica. Outro aspecto que levou ao seu crescimento foi a nova maneira de ler a bíblia, o jeito de celebrar e a ligação entre fé e vida. E da preocupação com o que significa ser cristão, na virada dos anos 60 para os anos 70, as CEBs se tornam embriões dos movimentos populares. Esse foi um período de muita produtividade, porque acompanhou o processo de migração, a explosão urbana. Fora das CEBs, a Igreja católica não tinha, como continua não tendo, nenhum outro modelo de evangelização que agregue os migrantes em estruturas comunitárias.  



Nos anos 70, as comunidades tiveram um papel fundamental como incentivadoras da criação de movimentos populares. O mais expressivo foi o Movimento de Luta contra a Carestia.

A partir daí, temos as CEBs incentivando os movimentos sindicais. No final dos anos 70 e na década de 80, elas contribuíram muito na criação e fortalecimento dos movimentos populares e partidos.

Assim as CEBs passaram foram sendo presença na caminhada da Igreja nas décadas de 70 – 80 e chegamos na década de 90.



As comunidades de base sofreram um forte refluxo na década de 90, devido à política do Vaticano de valorizar movimentos espiritualistas e solapar os movimentos com dimensão social e política.

Isso provocou um refluxo. As comunidades tem hoje menos visibilidade social e política e também menos apoio dos bispos. Mas continuam o seu trabalho. O tempo das CEBs não passou, porque é o tempo do futuro.



Frei Gilvander, no seu artigo publicado na revista Convergência 377,  diz: “No pontificado de João Paulo II, iniciado em 1978, a partir de uma equipe conservadora que o assessora começaram a soprar ventos contrários à caminhada de libertação integral como opção pelos pobres.Iniciou-se um longo inverno para a Igreja “Povo de Deus”e para as CEBs e para a Vida Religiosa. As CEBs, de uma forma velada e dissimulada, são incompreendidas e, às vezes atacadas, por setores da hierarquia católica e por movimentos católicos transnacionais”



Em meio a todas turbulências, como diz Frei Gilvander: “As CEBs estão vivas e atuantes. E a vida religiosa?”

Por ocasião do 10º Encontro Intereclesial, na cidade de Ilhéus-Ba, um dos eixos temáticos foi: “CEBs um novo jeito de celebrar”. Naquela oportunidade aprofundamos com ajuda de muitos liturgistas do Brasil esta capacidade e facilidade que as CEBs tem em inculturar seus momentos celebrativos.



A inculturação tem sido objeto de muitos estudos nos últimos anos. O impulso inicial nos foi dado pelo próprio Concílio Vaticano II. Embora a palavra inculturação não apareça nos documentos do Concílio, podemos afirmar, de antemão, que a “Sacrosanctum Concilium” ao falar sobre a adaptação da liturgia à índole e às tradições dos povos (Cf. SC 37-40), nos sugere o mesmo sentido que damos hoje ao termo “inculturação”, especialmente o nº 40 quando fala das “adaptações mais profundas”. A inculturação deve ser um meio para que se chegue à “participação plena,consciente, ativa e frutuosa dos fiéis” tão desejada pelo Concílio Vaticano II.



CEBs e Inculturação – crescimento nesta relação.



Às vezes se difunde por aí a idéia de quem CEBs não existe mais... que é algo do passado (diferente do que diz o Documento de Aparecida!), ou se tem a idéia de que nas CEBs tudo é permitido... Quer dizer – não existe seriedade nem rigor teológico, de forma que “se faz o que quer”.

Pois bem, nas CEBs não é assim! Basta dizer que grande parte dos teólogos  e teólogas latino-americanos tem esta ligação profunda com as CEBs e são assessores dos seus momentos formativos.



As CEBs investem muito na formação e cresceu muito na dimensão litúrgica. Sabem da importância da inculturação na liturgia. Com ajuda dos liturgistas, com estudo e muita preparação, organizam os momentos celebrativos, assegurando a relação CEBs e Inculturação.



Todos os momentos celebrativos são importantes e cada um deles tem suas características: a Eucaristia, a abertura de um encontro, uma oração ecumênica, etc. Nas CEBs esta relação tem sido tão importante que um grupo de liturgistas do Brasil, criou uma Rede, sobretudo voltada para a assessoria litúrgica das CEBs – é a Rede Celebra. A Rede Celebra assessora as CEBs na área litúrgica,  assegurando fundamentação para cada momento: o tempo, o espaço, a utilização dos símbolos, o silêncio, os cantos, etc.



COMO A VIDA RELIGIOSA PODE COLABORAR COM AS CEBS NO SENTIDO DE AJUDÁ-LAS A MANTER-SE DINÂMICAS E ATUANTES?



Concluindo nosso encontro  algumas sugestões para serem assumidas:

01.  Leitura do artigo do Frei Gilvander, na Revista Convergência 377

02.  Estudo pessoal do que diz o Documento de Aparecida a respeito das CEBs

03.  Assistir o Vídeo do 12º Intereclesial

04.  Acompanhar o processo do 13º Intereclesial que acontecerá em 2013 em Crato-CE.
















Nenhum comentário:

Postar um comentário